terça-feira, 12 de agosto de 2008

A bonita rosa entre espinhos

Aqui está uma interpretação minha sobre o conto de Clarice Lispector "Restos de Carnaval". Vale a pena ler, ficou bem legal!

Uma infância pavorosamente vivida é a matéria pertencente a “Restos de Carnaval”, de Clarice Lispector. A época da qual geralmente se sente saudade se torna um suplício interminável quando virar moça é um sonho cor-de-rosa que não tem mais fim.
A escassez de atenção na infância transforma-se em uma lacuna interior. Assim, o Carnaval era a felicidade plena, que ao mesmo tempo, alegrava e trazia para perto da menina, ao fundo das máscaras de Carnaval, o mistério e o esconderijo das pessoas.
No entanto, o vazio pleno gerado pela infância conturbada faz com que a fuga para outra geração se torne a estrada a seguir. A necessidade de pular o estágio encantado da vida de qualquer pessoa se mostra aparente no batom bem forte e no ruge passado nas faces, como fantasia direcionada a ser feminina, a escapar da meninice.
Num Carnaval, diferente de todos os outros, a menina teve a oportunidade de presenciar uma de suas vontades. Por intermédio de restos da fantasia de sua amiga, pôde se transformar em uma rosa de papel crepom, que simbolizava uma nova pessoa encapando seu orgulho e aceitando a esmola que a vida lhe oferecia.
Entretanto, não adianta nos fantasiar se por dentro existem muitas feridas. Podemos mentir para todos menos para nós mesmos e, assim, o Carnaval maravilhoso se tornou um pesadelo. A piora na saúde da mãe fez com que a flor, a criança que existira desencantasse, desabrochando vagarosamente.
Contudo, a menina, num encontro de sensações, deparou-se com a sua salvação e agarrou-a depressa. O reconhecimento veio de um menino que a considerou a mocinha tão almejada por ela.
Assim, uma troca de sentimentos muito diversos a levou à euforia. Nesse momento, ela percebeu que era uma rosa e só lhe faltava o pó de pir-lim-pim-pim jogado naquele momento pelo menino para ela desencantar.

Um comentário:

Anônimo disse...

sem palavras...
parabéns nina, tá demais