sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A constelação que é o amor

Depois do céu tem outro céu
Ou nem o céu existe mais
Será que o sol é de papel
Será que as nuvens são de gás
Se o mar começa em outro mar
Quem é que tira o sol do sal
Antes do dia começar
A noite é quase imortal

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não
Se a nossa vida quer assim

Eu viajei no tempo só por você
E me perdi no final
Quando encontrei seu olhar
Nossos destinos desenhando espirais
Eu entendi o sinal
Pelo seu jeito de rir pra mim

Se existe outra dimensão
Em que você não é você
Quem é que sabe a direção
Pra encontrar quem não se vê
Se o tempo sempre tem razão
Que tudo sempre vai mudar
Pra que manter os pés no chão
Se todo mundo quer voar

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não
Se a nossa vida quer assim
Vamos rumo ao infinito
Como está escrito

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A bonita rosa entre espinhos

Aqui está uma interpretação minha sobre o conto de Clarice Lispector "Restos de Carnaval". Vale a pena ler, ficou bem legal!

Uma infância pavorosamente vivida é a matéria pertencente a “Restos de Carnaval”, de Clarice Lispector. A época da qual geralmente se sente saudade se torna um suplício interminável quando virar moça é um sonho cor-de-rosa que não tem mais fim.
A escassez de atenção na infância transforma-se em uma lacuna interior. Assim, o Carnaval era a felicidade plena, que ao mesmo tempo, alegrava e trazia para perto da menina, ao fundo das máscaras de Carnaval, o mistério e o esconderijo das pessoas.
No entanto, o vazio pleno gerado pela infância conturbada faz com que a fuga para outra geração se torne a estrada a seguir. A necessidade de pular o estágio encantado da vida de qualquer pessoa se mostra aparente no batom bem forte e no ruge passado nas faces, como fantasia direcionada a ser feminina, a escapar da meninice.
Num Carnaval, diferente de todos os outros, a menina teve a oportunidade de presenciar uma de suas vontades. Por intermédio de restos da fantasia de sua amiga, pôde se transformar em uma rosa de papel crepom, que simbolizava uma nova pessoa encapando seu orgulho e aceitando a esmola que a vida lhe oferecia.
Entretanto, não adianta nos fantasiar se por dentro existem muitas feridas. Podemos mentir para todos menos para nós mesmos e, assim, o Carnaval maravilhoso se tornou um pesadelo. A piora na saúde da mãe fez com que a flor, a criança que existira desencantasse, desabrochando vagarosamente.
Contudo, a menina, num encontro de sensações, deparou-se com a sua salvação e agarrou-a depressa. O reconhecimento veio de um menino que a considerou a mocinha tão almejada por ela.
Assim, uma troca de sentimentos muito diversos a levou à euforia. Nesse momento, ela percebeu que era uma rosa e só lhe faltava o pó de pir-lim-pim-pim jogado naquele momento pelo menino para ela desencantar.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O que o amor não faz?

Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

Eu te amo de verdade,
eu te amo pra sempre.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O sol

Que apesar de todas as dificuldades,
apesar de algumas tristezas que insistem,
mesmo com essa montanha erguida,
o sol possa ser seu presente mais doce.

Desejo ao seu coração o querer que ele quer.
Que dentre as palavras que ele sussurra em seu peito
sejam ouvidas aquelas que cantam a liberdade.

Que você esteja atento para o sopro da sua vontade
e jamais desista dos seus passos em direção à verdade.
Desejo que a sua percepção acorde mais plena no calor de um sol novo e renovador.
Que ele encoraje as atitudes que estão querendo respirar
Aquelas que sempre são substituídas.
Aquelas que não se arrojam por ter os pesos de conceitos por demais antigos.

Desejo que você aceite seu tempo, seja ele qual for.
Que sinta serenidade na espera necessária para que
a semente plantada brote no tempo certo.
Desejo que sua flor seja inteira,
e mesmo que inicialmente pequena e frágil,
ela lhe traga as luzes de uma estrada azul.
Que a sua sabedoria esteja desperta,
aguardando com tranqüilidade o desabrochar da sua flor.

Desejo a você um sol diferente.
Espalhando seu sorriso pela densidade das nuvens,
simplificando o aspecto complicado de alguns momentos
e mostrando-lhe a fonte essencial para sua sede.

Desejo que, a cada instante, você desnude mais seu coração
e deixe que nele vibre em tom maior o amor.